domingo, 2 de outubro de 2016

Porque utilizamos o a cor cinza como fundo no Supervisório?

Hoje existem muitos recursos inovadores para criar interfaces. Com todas as capacidades gráficas ainda se opta por utilizar um visual bem conservador em teles de sistema de controle.

Lembro que assim que cheguei me disseram que tudo evoluiu no sistema exceto a parte de interface visual que seguia o mesmo jeitão há muitos anos. Com isso me perguntei por que diante de tantas tecnologias e designers dedicados apenas para interface visual seguimos utilizando interfaces com baixo padrão de qualidade.

Num ambiente de sala de controle o sistema supervisório, DCS, deve se apresentar como a mais importante ferramenta de suporte para o operador tomar decisões e se ater a informações importantes adiantando ações e aumentando o tempo de resposta em caso de distúrbios atuais ou futuros, saber que isso é uma verdade é um consenso geral entre a engenharia, mas quanto e como deve ser feito é um feedback difícil de se tomar em conta durante de um desenvolvimento de um projeto novo.

A forma em que estão dispostas as informações nas telas do DCS impactam diretamente na identificação de um problema e na velocidade de reação do Operador para realizar uma intervenção.
Hoje passamos por uma situação bem interessante. Fui questionado sobre uma informação de estado do trocador de calor. Olhando para tela onde o trocador de calor se encontrava lado esquerdo, não era possível identificar qual era o trocador ativo, então, foi solicitado pelo cliente que se revisasse e incluísse a informação na tela já que tinha disponível um sinal de fluxo no SDSC.

 

Quando foi se realizar a alteração observou-se que no lado direto existia um painel com todos os sinais dos trocadores de calor. Eram cinco pessoas analisando a tela ao mesmo tempo e nenhuma percebeu que os sinais do trocador de calor estavam do outro lado. Isso mostra que:
1.       Apenas colocar a informação na tela não basta para que o operador note a presença da informação
2.       Telas saturadas dificultam a identificação de informações
3.       O desenho do equipamento pressupõe que as informações dele estejam próximas dele mesmo.

Hoje com as telas de controle e a redução de custos para instrumentar as máquinas é cada vez mais presente um numero maior de sensores nas máquinas o que tem elevado bastante o numero de informações que são apresentadas ao operador. A forma com que os dados são apresentados de forma a buscar o foco do operador para estado geral da máquina sem a necessidade navegação excessiva entre telas e com link de correlação que um problema possa ser seguido através das telas até sua origem.

Os primeiros sistemas DCS tinham uma grande limitação de cores e objetos então as telas iniciais, utilizadas como referência para os novos projetos, são sempre fixas e uma codificação de estado por cor sempre era traçada, tanto para apresentação de informação como associação com alarme. Essa formatação era bem limitada.

As primeiras estações de controle eram de monitores CTR curvos. A curvatura juntamente com o vidro grosso que vinha por cima do monitor devido ao seu tamanho fazia dele um espelho para tudo que estava do lado de fora. Com isso era necessário aumenta o brilho da tela para reduzir esse efeito espelho produzido pelo monitor. Quem não lembra dos antigos descansos de tela que nada mais eram que um vidro com película que se colocava na frente dos monitores.

Na metade dos anos 90, uma série de institutos começaram a pesquisar a interação entre o ser humano e os dispositivos de interface analisando o tempo de resposta para um eventual problema tanto para identificação como para solução, tudo isso, nesta época já poderia ser feita através do computador.

Um dos institutos que se desancaram nesses estudos foi o Abnormal Situation Management (ASM) Consortium. Este instituto que existe desde 1992 e é uma associação da indústria para estudo sobre essa interação entre o operador e o sistema que se está operando. Depois de muitos estudos foi criado umRule Book para criação de sistemas DCS muito difundido na indústria que deu origem a essa formato que utilizamos até hoje de sistemas supervisórios.

Porque o fundo cinza ?

Na contra mão do que se pode pensar sobre telas, os softwares de banco de dados e projetos que utilizam fundo preto para aumenta o tempo em que o desenhista admite frente a tela do computador a recomendação é se utilizar a cor cinza como plano de fundo das telas

A recomendação é sempre utilizar o cinza claro como plano de fundo das telas do supervisório. São três motivos que levam a essa cor ser mais adequada:
·         Aumenta o tempo de resposta para as informações criticas que são apresentadas na tela, por ser uma cor neutra não prende a atenção dos olhos em grandes partes sem informações relevantes;
·         Engloba os indivíduos que podem ter problemas de daltonismo leve sem gerar confusão. Esse é um ponto que não é levado em consideração nos projetos mas a principio todas as pessoas tem algum grau de daltonismo, cores como azul turquesa pode ser confundidas com azul ou verde.
·         Diferente do branco que traduz todas as cores em plenitude e o preto que absorve todas as cores. O cinza claro transmite todas as cores num brilho mais leve que o branco e não tão profundo como a cor preto. O preto faz com que o operador permanece compenetrado na tela e não desloque a atenção para o que há ao redor. Se a sala de operação, por exemplo, está próxima a painéis o preto mostra que existe uma resposta maior para identificação da falha mas um aumento do tempo para ir a campo solucionar o problema.
O cinza se mostrou como um equilibro de cor que traduz um menor contraste entre o mundo exterior que para um lugar industrial é constantemente cinza para a tela de operação.



A escolha das cores dos sistemas é uma união entre a disponibilidade do sistema e a compreensão dos fatores que influenciam a percepção humana frente aos monitores de interface.
Aprimorar o conhecimento da criação das telas tem uma influência grande na aceitação e na confiabilidade do sistema como um todo permitindo ao cliente final, através do seu time de operação, conseguir se sentir seguro de operar e manter o sistema que foi entregue, por isso não podemos deixar de dedicar tempo em aprimorar os esquemas de visualização do operador.